30 G: O Primeiro Cavalo Mecânico Elétrico da Scania no Brasil

O Scania 30 G, primeiro cavalo mecânico elétrico no Brasil, será destaque da Fenatran 2024. Com preço de R$ 2,5 milhões, tem autonomia de até 300 km e chega às ruas em 2026.
Publicado em Caminhões dia 16/10/2024 por Alan Corrêa

A Scania anunciou seu primeiro cavalo mecânico elétrico para o mercado brasileiro, o 30 G 4×2, que será apresentado oficialmente durante a Fenatran 2024, em São Paulo. O modelo chega ao país como uma solução de transporte sustentável, em um momento em que a descarbonização do transporte rodoviário é uma prioridade global.

O modelo é parte da linha sustentável da marca, que inclui versões movidas a gás e biodiesel.
O modelo é parte da linha sustentável da marca, que inclui versões movidas a gás e biodiesel.

Equipado com motor elétrico e baterias de lítio, o Scania 30 G promete oferecer uma alternativa limpa e eficiente para o transporte de cargas em rotas urbanas e regionais, com uma autonomia de 250 a 300 quilômetros.

Embora o modelo tenha um preço elevado, estimado em R$ 2,5 milhões, ele é parte da estratégia global da Scania para liderar a transição para transportes mais limpos, uma demanda cada vez mais presente em grandes empresas comprometidas com metas de redução de CO2. A introdução desse modelo no Brasil não deve, no entanto, gerar uma corrida imediata às concessionárias. A expectativa da empresa é iniciar as vendas de maneira gradual, com as primeiras entregas programadas para 2026.

A grande questão para o setor é: o transporte elétrico será viável no Brasil nos próximos anos? Essa nova tecnologia terá capacidade de atender às demandas logísticas de um país com distâncias tão amplas e infraestrutura limitada? Para além do entusiasmo com o lançamento, a realidade do mercado apresenta desafios que serão determinantes para o sucesso do 30 G no Brasil.

A Scania lançou o 30 G, seu primeiro cavalo mecânico elétrico no Brasil, durante a Fenatran 2024.
A Scania lançou o 30 G, seu primeiro cavalo mecânico elétrico no Brasil, durante a Fenatran 2024.

A Scania trouxe ao Brasil o 30 G, seu primeiro cavalo mecânico elétrico, importado da Suécia. Este modelo faz parte da terceira geração de caminhões elétricos da marca, integrando a linha sustentável que também inclui opções movidas a gás natural e biodiesel. Com um motor elétrico de 410 cavalos e dois pacotes de baterias de 416 kWh, o 30 G oferece autonomia de até 300 quilômetros, dependendo do peso transportado e das condições de trajeto.

Segundo Alex Nucci, diretor de vendas da Scania, o 30 G foi pensado para rotas curtas, ligando fábricas a centros de distribuição em áreas urbanas ou regionais, de modo a atender a um perfil específico de clientes, como grandes embarcadores que buscam reduzir suas emissões de CO2. No entanto, essa autonomia ainda é limitada para operações de longas distâncias, comuns no transporte rodoviário brasileiro, o que coloca o modelo como uma opção nichada neste primeiro momento. As baterias do 30 G são do tipo NMC (lítio-níquel-manganês-cobalto), conhecidas por sua alta densidade energética, o que reduz o peso total do veículo e aumenta a capacidade de carga. O tempo de recarga é de aproximadamente 50 minutos, utilizando carregadores de 375 kW, uma vantagem em termos de produtividade para frotistas que podem aproveitar intervalos nas operações, como o horário de almoço dos motoristas.

O Scania 30 G é um importante passo para a descarbonização do transporte rodoviário no país.

O Scania 30 G é um importante passo para a descarbonização do transporte rodoviário no país.
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A introdução do Scania 30 G no Brasil faz parte de uma estratégia global da montadora, que visa liderar a transição para veículos de transporte mais sustentáveis. O lançamento, contudo, levanta uma série de questões sobre a viabilidade do transporte elétrico em um país como o Brasil. A infraestrutura de recarga é um dos principais obstáculos. Embora existam iniciativas de empresas que buscam utilizar fontes de energia renovável, como energia solar, para abastecer suas frotas, a rede de recarga pública é praticamente inexistente para caminhões elétricos.

Além disso, o alto custo inicial de aquisição — cerca de R$ 2,5 milhões, mais que o dobro de um cavalo mecânico a diesel — também impõe um desafio. No entanto, a Scania aposta em uma visão de longo prazo, em que o custo total de propriedade possa ser reduzido pela menor necessidade de manutenção e pelas economias com combustível. As baterias têm garantia de 1,2 milhão de quilômetros, o que representa cerca de 12 anos de uso para frotas que rodam em média 100 mil quilômetros por ano.

Outro ponto relevante é o impacto ambiental. A operação dos caminhões elétricos elimina a emissão de CO2, um passo significativo para as empresas que se comprometem com a redução de emissões. No entanto, a produção e descarte das baterias de lítio ainda são questões que precisam ser consideradas no cálculo do impacto ambiental total do ciclo de vida desses veículos.

Seu preço é estimado em R$ 2,5 milhões, o dobro de um cavalo mecânico a diesel.
Seu preço é estimado em R$ 2,5 milhões, o dobro de um cavalo mecânico a diesel.

Para enfrentar os desafios do transporte elétrico no Brasil, algumas empresas estão se preparando com infraestrutura própria de geração de energia. Frotistas que operam em regiões específicas, com rotas previsíveis e curtas, podem se beneficiar da instalação de pontos de recarga em seus hubs logísticos, o que também pode acelerar a adoção de veículos elétricos. Grandes embarcadores, como indústrias com metas de redução de CO2, estão entre os potenciais clientes do Scania 30 G, segundo a empresa.

Além disso, iniciativas governamentais que incentivam a transição para transportes mais limpos podem desempenhar um papel crucial. Programas de financiamento e subsídios para a compra de veículos elétricos ou a instalação de infraestrutura de recarga seriam passos importantes para tornar o modelo mais acessível a um público mais amplo.

Por outro lado, o Brasil ainda depende fortemente de caminhões movidos a diesel para o transporte de cargas em longas distâncias, e a transição para uma frota elétrica será gradual. Para rotas de até 300 quilômetros, no entanto, o 30 G se posiciona como uma solução promissora para reduzir as emissões de gases poluentes e custos operacionais a longo prazo.

O Scania 30 G representa um avanço significativo na busca por um transporte rodoviário mais sustentável no Brasil, mas sua adoção será gradual e focada em nichos específicos. A infraestrutura limitada e o alto custo inicial são os principais desafios para a popularização do modelo no país. No entanto, empresas comprometidas com a redução de emissões podem ver no 30 G uma solução viável para operações urbanas e regionais, especialmente à medida que a infraestrutura de recarga se desenvolva.

A pergunta central — o transporte elétrico é viável no Brasil? — ainda não tem uma resposta definitiva. O 30 G dá um importante primeiro passo, mas o sucesso dessa transição dependerá de uma combinação de inovação, políticas públicas e investimentos em infraestrutura.

Fonte: NoticiasAutomotivas, InsideEvs, Autodata e Estadão.