Papa Francisco morreu aos 88 anos e encerra um pontificado marcado por reformas, causas sociais e papamóvel elétrico

Em 2024, o papa Francisco recebeu um papamóvel totalmente elétrico da Mercedes-Benz, baseado no SUV Classe G. O veículo foi criado para o Jubileu de 2025 e simbolizava seu compromisso com o meio ambiente, alinhado à encíclica Laudato Si. Com assento elevado, silencioso e de baixa velocidade, reforçava sua proximidade com os fiéis e a agenda ecológica do pontificado.
Publicado por Alan Correa em Notícias dia 21/04/2025

O Vaticano confirmou a morte do papa Francisco, Jorge Mario Bergoglio, na manhã de 21 de abril de 2025. Aos 88 anos, o pontífice argentino faleceu após enfrentar complicações respiratórias decorrentes de uma pneumonia bilateral. Ele havia passado 37 dias internado em um hospital de Roma e recebeu alta no final de março. Desde então, seguia em cuidados médicos e repouso, mas não resistiu ao agravamento do quadro clínico.

Bergoglio liderou a Igreja Católica por quase doze anos, sendo o primeiro papa latino-americano e também o primeiro jesuíta a ocupar o cargo. Sua eleição ocorreu em março de 2013, após a renúncia de Bento XVI, e foi considerada histórica por representar uma quebra de tradições geográficas e institucionais dentro da Santa Sé. Durante seu pontificado, promoveu reformas estruturais e adotou posturas simbólicas de aproximação com os fiéis, como o uso de veículos não blindados.

Entre as iniciativas que marcaram sua liderança, destaca-se a adoção de um papamóvel elétrico, anunciado em 2024, desenvolvido especialmente para o Jubileu de 2025. A escolha do modelo, baseado no SUV Mercedes-Benz Classe G, representou o compromisso com a pauta ambiental defendida desde a encíclica Laudato Si, publicada em 2015.

Doença e últimos momentos

O papa Francisco morreu aos 88 anos após longa internação por pneumonia. Líder da Igreja desde 2013, foi o primeiro pontífice latino-americano e jesuíta da história.
O papa Francisco morreu aos 88 anos após longa internação por pneumonia. Líder da Igreja desde 2013, foi o primeiro pontífice latino-americano e jesuíta da história.

O quadro de saúde do papa Francisco já apresentava sinais de fragilidade desde 2022, quando passou a usar cadeira de rodas devido a problemas no joelho. Em 2023, cancelou agendas internacionais por conta de uma gripe e inflamação pulmonar. Em fevereiro de 2025, foi hospitalizado com um quadro respiratório grave e submetido a uma cirurgia considerada complexa.

Durante a Páscoa, chegou a aparecer brevemente na sacada da Praça São Pedro para uma bênção, mas não discursou. Na véspera da sua morte, seu estado voltou a se agravar. O comunicado oficial do Vaticano informou que o pontífice retornou “à casa do Pai” às 7h35, encerrando uma trajetória iniciada em Buenos Aires, em 1936, e marcada por quase sete décadas de vida religiosa.

O funeral foi organizado seguindo sua própria orientação, revelada em 2024. O corpo será sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, local escolhido por ele em substituição à tradicional Basílica de São Pedro. Ele também havia pedido simplificações nos ritos fúnebres, com o corpo sendo mantido dentro do caixão.

Reformas e posicionamentos

Desde o início de seu pontificado, Francisco promoveu reformas administrativas e buscou uma maior transparência no Vaticano. Criou o Conselho de Cardeais (C9), reorganizou a Cúria Romana e nomeou mais mulheres e leigos para cargos de liderança. Também alterou a legislação interna para permitir investigações de membros do clero de forma mais equânime.

No campo doutrinário, embora não tenha modificado dogmas da Igreja, autorizou bênçãos para casais do mesmo sexo, ampliou o papel das mulheres em assembleias episcopais e abriu espaço para batismos de pessoas transgênero, com condições estabelecidas. As medidas geraram reações contrárias de setores conservadores, que passaram a defender uma revisão dessas decisões no próximo conclave.

Francisco também foi responsável por consolidar uma visão pastoral de acolhimento e aproximação com grupos em situação de vulnerabilidade, como migrantes, pessoas em situação de rua e a comunidade LGBTQIA+. Em sua primeira aparição como papa, declarou a necessidade de uma Igreja mais pobre para os pobres, mensagem que permaneceu como marca de sua gestão.

O papamóvel elétrico e a sustentabilidade

Em dezembro de 2024, a Mercedes-Benz entregou ao papa Francisco um novo modelo de papamóvel totalmente elétrico, projetado especialmente para eventos públicos como o Jubileu de 2025. O veículo foi desenvolvido em parceria com a Santa Sé, com base no SUV Classe G, e incluiu um assento elevado e aquecido para proporcionar visibilidade durante as aparições.

O modelo representou um marco por ser o primeiro papamóvel 100% elétrico utilizado oficialmente pelo Vaticano. A iniciativa foi alinhada aos princípios da encíclica Laudato Si, na qual Francisco defende ações práticas para enfrentar a crise ambiental global. O veículo foi planejado para rodar em baixa velocidade e de forma silenciosa, promovendo uma experiência mais integrada com os fiéis durante procissões e missas ao ar livre.

Apesar de inovador, o carro segue a linha de preferência do papa por veículos abertos ou com blindagem mínima. Desde o início de seu pontificado, Bergoglio optou por manter contato direto com o público, evitando barreiras físicas. O novo papamóvel manteve essa proposta, adaptando-se apenas às exigências de segurança mínima recomendadas para eventos de grande porte.

Trajetória e legado

Jorge Mario Bergoglio ingressou na Companhia de Jesus em 1958, foi ordenado sacerdote em 1969 e tornou-se arcebispo de Buenos Aires em 1998. Nomeado cardeal por João Paulo II em 2001, participou ativamente da Conferência de Aparecida, no Brasil, em 2007. Sua atuação o colocou entre os favoritos para o conclave de 2013, quando foi eleito como 266º papa da Igreja Católica.

Durante seu pontificado, promoveu reformas internas, enfrentou escândalos de abuso sexual com medidas inéditas, defendeu o meio ambiente e incentivou uma visão mais próxima das necessidades sociais contemporâneas. Na pandemia de Covid-19, protagonizou momentos simbólicos, como a oração solitária na Praça São Pedro, em março de 2020, considerada um marco na comunicação da fé.

O novo conclave que escolherá o sucessor de Francisco ainda não tem data definida. Enquanto isso, a Igreja Católica vive o período de “sé vacante”, conforme estabelece o protocolo vaticano em casos de falecimento do pontífice.

Fonte: Carro.Blog.Br e UOL.