A fortuna de Elon Musk sofreu uma redução de US$ 22,2 bilhões após a Tesla registrar uma queda de 45% nas vendas na Europa em janeiro. A situação levou a uma desvalorização das ações da empresa, que caíram 8,4% na Bolsa de Nova York. O empresário também enfrenta um crescente boicote de consumidores e protestos em lojas da montadora nos Estados Unidos e na Europa. O apoio de Musk a partidos de extrema-direita na Alemanha e sua proximidade com Donald Trump geraram uma reação negativa entre clientes e investidores.
Pontos Principais:
A Tesla anunciou que entregou apenas 9.945 veículos na Europa em janeiro, número bem abaixo dos 18.161 registrados no mesmo período do ano anterior. Além disso, a empresa perdeu parte do valor de mercado, ficando abaixo de US$ 1 trilhão. Apesar dessa queda, Musk ainda possui um patrimônio de US$ 358 bilhões, cerca de US$ 100 bilhões a mais do que antes da vitória de Trump nas eleições.
Nos últimos dias, lojas da Tesla foram alvo de vandalismo em diversos estados dos EUA e em países europeus. Na Alemanha, onde as vendas da montadora caíram 59% em janeiro, Musk tem sido criticado por apoiar um partido que nega os impactos ambientais das emissões de CO2. No Reino Unido, seu alinhamento com políticos que buscam eliminar metas de emissões zero gerou reações negativas entre consumidores.
A proximidade de Musk com Donald Trump também tem preocupado investidores. Indicado para chefiar o Departamento de Eficiência Governamental dos EUA, suas primeiras ações no cargo não geraram resultados significativos. Os cortes de custos anunciados economizaram menos de 1% do orçamento federal, levantando dúvidas sobre sua real influência no governo.
Nos EUA, consumidores que antes eram fiéis à Tesla agora repensam suas escolhas. Um exemplo é Tae Helton, morador da Califórnia, que decidiu vender seu Tesla Model 3 após Musk fazer um gesto polêmico em um evento de Trump. Ele pretende trocar seu carro por outro modelo elétrico ainda este ano. O mesmo ocorre com Eric Thurber, que se desfez do Model 3 e optou por um BMW i4, alegando não querer mais se associar à marca.
Pesquisas mostram que a percepção pública sobre Musk piorou nos últimos meses. Na Suécia, a avaliação negativa da Tesla aumentou, e as vendas do Model Y caíram 48% no país. Nos EUA, uma pesquisa do Pew Research indicou que a maioria dos americanos tem uma visão desfavorável do empresário, enquanto outro levantamento revelou que muitos eleitores acreditam que ele tem influência excessiva sobre políticas nacionais.
A concorrência da Tesla no mercado de veículos elétricos tem se intensificado. Montadoras como Hyundai, Honda e Volkswagen registraram aumento nas vendas e passaram a atrair antigos clientes da Tesla. A Polestar, marca derivada da Volvo, tem direcionado seus esforços para conquistar consumidores insatisfeitos com a empresa de Musk.
Apesar do cenário negativo, a Tesla informou que espera recuperar parte de suas vendas ao longo do ano. A empresa está reformulando a linha de produção do Model Y, e novos modelos acessíveis devem ser lançados ainda no primeiro semestre. Musk afirmou que há potencial para um crescimento de 20% a 30% nas vendas, mas analistas alertam que a imagem da marca pode ser um fator determinante para o desempenho futuro.
Especialistas apontam que o maior desafio da Tesla atualmente não está na tecnologia, mas na percepção pública. A conexão entre Musk e temas políticos controversos tem afetado a fidelidade à marca e gerado insegurança entre investidores. A Tesla, que antes dominava o setor de veículos elétricos sem grande concorrência, agora enfrenta um mercado cada vez mais disputado.
A reação dos consumidores mostra que, além da inovação tecnológica, fatores como reputação e posicionamento político podem influenciar diretamente o sucesso de uma marca no setor automobilístico. Se a Tesla não conseguir reverter essa tendência, poderá perder ainda mais espaço para concorrentes nos próximos anos.