Se tem uma coisa que o Citroën Basalt Feel 1.0 ensina, é que dirigir pode ser um exercício de paciência. Não que isso seja ruim – afinal, pressa nunca foi aliada de quem quer economia. Mas será que vale a pena apostar no SUV mais barato do Brasil, sabendo que ele é também um dos mais lentos?
Pontos Principais:
Por cerca de R$ 92 mil, o Basalt Feel 1.0 se posiciona como a porta de entrada para o mundo dos SUVs, mas com um motorzinho que pede para ser tratado com carinho. Ele compete diretamente com sedãs como Fiat Cronos Drive, Chevrolet Onix Plus LT e Hyundai HB20S Comfort Plus. Mas, no fundo, ele tem mais jeito de sedã disfarçado de SUV do que qualquer outra coisa.
Ainda assim, há boas surpresas. O visual não entrega que estamos na versão mais simples da linha, e o espaço interno agrada. O problema? Se o trânsito da cidade já é caótico, imagine precisar de um plano de médio prazo para fazer uma ultrapassagem na estrada.
O Basalt Feel 1.0 tem uma aparência que engana. De longe, parece que custa mais do que realmente custa. As rodas de 16 polegadas são as mesmas das versões mais caras, mas com um tom de cinza que grita “economia”. Na frente, há detalhes cromados ao redor do logotipo da Citroën e um toque de vermelho no para-choque – talvez para simbolizar a coragem necessária para encarar estradas abertas com esse motor.
A iluminação também segue um padrão conhecido: faróis halógenos simples e luzes diurnas de LED. Acendeu o alto? O facho baixo se apaga. O que significa? Um belo ponto cego na sua frente.
A traseira é mais do mesmo: lanternas grandes e câmera de ré, mas sem sensores de estacionamento. A ausência da inscrição “Turbo 200” entrega que ali mora um motor aspirado. Quem viu de relance pode até pensar que é um dos modelos mais caros. Quem dirige, não.
Por dentro, o Basalt Feel 1.0 tenta manter a pose. O painel tem uma faixa dourada, igual às versões mais caras, e detalhes cromados nas saídas de ar. Os bancos são de tecido, o que é ótimo para dias quentes, mas nem tanto para quem queria um toque premium.
A tecnologia está presente, mas com algumas economias: a central multimídia de 10 polegadas tem Apple CarPlay e Android Auto sem fio, enquanto o painel de instrumentos digital tem 7 polegadas. Já o ar-condicionado? Analógico. Sim, aqueles botões giratórios que fazem parecer que estamos em 2005.
A lista de equipamentos inclui volante com ajuste de altura, vidros elétricos nas quatro portas, sensor de pressão dos pneus e assistente de partida em rampa. Porém, não há chave presencial, piloto automático ou qualquer assistência à condução. Se você quiser frenagem automática de emergência, vai precisar confiar no próprio reflexo.
O Basalt Feel 1.0 tem um entre-eixos de 2,64 metros, o que significa espaço decente para os passageiros de trás. Mas se alguém precisar usar o assento central, vai brigar com um túnel alto no assoalho.
Atrás, há duas portas USB do tipo A, mas os botões dos vidros elétricos foram deslocados para o console central. Se alguém do banco de trás quiser abrir a janela, vai precisar se inclinar para frente – um bom exercício para a coluna.
O porta-malas, por outro lado, compensa tudo isso. Com 490 litros, ele perde para os 525 litros do Fiat Cronos, mas supera os 469 litros do Onix Plus e os 475 litros do HB20S. Se espaço for a prioridade, ponto para o Basalt.
Agora, vamos ao ponto crítico. O Basalt Feel 1.0 vem com um motor 1.0 Firefly de três cilindros aspirado, que entrega 75 cv no etanol e 71 cv na gasolina. O torque é de 10,7 kgfm com etanol e 10 kgfm com gasolina. O câmbio é manual de cinco marchas, e as trocas não são as mais precisas do mundo.
O resultado? Ele precisa de 17,9 segundos para ir de 0 a 100 km/h. Sim, quase o dobro do tempo da versão turbo, que faz a mesma prova em 9,7 segundos. Em retomadas, o cenário não melhora: de 80 a 120 km/h, ele leva 35,3 segundos. Se a pressa for uma constante na sua vida, talvez seja melhor procurar outra opção.
Na estrada, a necessidade de reduzir marchas e pisar fundo no acelerador é constante. Mas, mesmo assim, às vezes falta força. Melhor pensar bem antes de tentar uma ultrapassagem – e se certificar de que há bastante pista pela frente.
Com gasolina, o Basalt Feel 1.0 fez 13,2 km/l na cidade e 15,2 km/l na estrada. Com etanol, as médias foram de 9,2 km/l e 10,1 km/l, respectivamente.
A suspensão foi ajustada para lidar com a leveza do conjunto mecânico. Ela prioriza o conforto e absorve bem as irregularidades do asfalto. Mas em curvas, a carroceria inclina um pouco mais do que o esperado. Se houver ventos laterais na estrada, prepare-se para sentir a direção puxando de leve.
A direção elétrica tem um peso correto para o uso urbano. Em velocidades mais altas, a carroceria oscila um pouco, exigindo mais controle por parte do motorista. Nada alarmante, mas definitivamente um carro mais confortável para a cidade do que para longas viagens.
Se a prioridade for espaço interno e preço acessível, o Citroën Basalt Feel 1.0 pode ser uma escolha interessante. Ele tem equipamentos suficientes para o dia a dia e um porta-malas que não decepciona.
Por outro lado, seu motor aspirado e o câmbio manual tornam a experiência de dirigir uma questão de paciência. Se a ideia for pegar estrada com frequência ou precisar de agilidade no trânsito, talvez seja melhor investir um pouco mais na versão turbo.
Fonte: AutoEsporte, QuatroRodas e Carro.Blog.Br.